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terça-feira, 23 de abril de 2024

O AMOR DE JESUS É INVENCÍVEL...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 10,22-30)(23/4/24)

1. Caríssimos, estamos vivendo o tempo da tomada de decisão por nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo, para assim segui-lo até o fim dos nossos dias neste mundo; digo isso porque todos os sinais dos acontecimentos profetizados por Ele já estão em pleno curso e não tem como duvidar, basta fazer uma análise da atual situação do mundo.

2. No Evangelho de hoje enquanto Jesus passeava no Templo, por ocasião da festa de sua dedicação, pois, era o símbolo da fé judaica, muitos se aproximaram dele, esboçando dúvidas a respeito de sua identidade Messiânica: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”.

3. Ao que, o Senhor lhes respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 

4. As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão. Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebata-las da mão do Pai. Eu e o Pai somos um". (Jo 10,24-30).

5. Com efeito, essas Palavras de Jesus são profundamente significativas, pois, elas comprovam que muitos não o seguem porque se deixam enganar pelas artimanhas do Maligno. Aliás, são João na sua primeira carta, escreveu: "Filhinhos, esta é a última hora. Vós ouvistes dizer que o Anticristo vem. Eis que já há muitos anticristos, por isto conhecemos que é a última hora.

6. Eles saíram dentre nós, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, ficariam certamente conosco. Mas isto se dá para que se conheça que nem todos são dos nossos. Vós, porém, tendes a unção do Espírito Santo e sabeis todas as coisas." (1Jo 2,18-20).

7. Comentando este Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Ninguém pode dizer-se seguidor de Jesus se não escutar a sua voz. E esta "escuta" não deve ser entendida de forma superficial, mas de forma envolvente, a ponto de tornar possível um verdadeiro conhecimento recíproco, do qual pode nascer um seguimento generoso, expresso nas palavras "e elas me seguem" (v. 27). 

8. Trata-se de uma escuta não só do ouvido, mas do coração! Assim, a imagem do pastor e das ovelhas indica a relação de proximidade que Jesus quer estabelecer com cada um de nós. Ele é o nosso guia, o nosso mestre, o nosso amigo, o nosso modelo, mas acima de tudo é o nosso Salvador.

9. A nossa vida está plenamente segura nas mãos de Jesus e do Pai, que são um só: um só amor, uma só misericórdia, revelados de uma vez por todas no sacrifício da cruz. Para salvar a ovelha perdida que todos nós somos, o Pastor fez-se cordeiro e deixou-se sacrificar para tomar sobre si e tirar o pecado do mundo. 

10. Deste modo, deu-nos a vida, mas vida em abundância (cf. Jo 10, 10)! Este mistério renova-se, numa humildade sempre surpreendente, na mesa eucarística. É ali que as ovelhas se reúnem para se alimentarem; é ali que se tornam uma só coisa, umas com as outras e com o Bom Pastor. 

11. É por isso que já não temos medo: a nossa vida está agora salva da perdição. Nada nem ninguém nos pode arrancar das mãos de Jesus, porque nada nem ninguém pode vencer o seu amor. O amor de Jesus é invencível!" (Papa Francesco - Regina Caeli, 17 aprile 2016).

Paz e Bem!

Frei Fernando Maria OFMConv.

domingo, 21 de abril de 2024

O BOM PASTOR DÁ A VIDA POR SUAS OVELHAS...


 Homilia do 4°Dom da Páscoa (Jo 10,11-18)(21/4/24)

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1. Caríssimos, eis o que nos ensina esta liturgia, a obra da salvação pertence somente a Deus, e ela não é exclusiva; mas, inclusiva; pois, não somos nós que nos salvamos, mas, somos salvos por Jesus, que nos amou à ponto de se rebaixar à nossa miserável condição; bem como Ele mesmo disse: "Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores." (Mc 2,17).
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2. No Evangelho de hoje o Senhor nos revela quem é e qual a sua missão: «Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas» (Jo 10, 11). Por outro lado, Ele também nos mostra que os mercenários são falsos pastores que não cuidam das ovelhas, mas apenas as exploram, por isso, fogem quando o lobo chega, e deixam que o rebanho se perca.
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3. Diz ele: "O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas." Ou seja, precisamos ficar atentos e identifica-los para não sermos destruídos pelos lobos.
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4. E como ter tal discernimento? O Senhor mesmo responde: "Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente." (Jo 10,14-15.17).
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5. Comentando este Evangelho disse o Santo Padre, o Papa Francisco: "Esta auto-apresentação de Jesus não pode ser reduzida a uma sugestão emotiva, sem qualquer efeito concreto! Jesus cura através do seu ser Pastor que dá a vida.
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6. Oferecendo a sua vida por nós, Jesus diz a cada um: "A tua vida vale tanto para mim, que para a salvar dou-me completamente a mim mesmo". É exatamente este oferecer a sua vida que o torna bom Pastor por excelência, Aquele que cura, Aquele que nos permite levar uma vida boa e fecunda.
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7. Ele está atento a cada um de nós, conhece profundamente o nosso coração; conhece as nossas qualidades e os nossos defeitos, os projetos que realizamos e as esperanças que foram desiludidas. 
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8. Mas aceita-nos tal como somos, até com os nossos pecados, para nos curar, para nos perdoar; Ele guia-nos com amor, para podermos percorrer até caminhos difíceis, sem perder o rumo. Ele acompanha-nos. 
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9. Abramos o coração a Jesus, para que Ele entre em nós. E assim tenhamos uma relação mais vigorosa: Ele ressuscitou! Assim podemos segui-lo durante a vida inteira." (Papa Francisco, trechos do Regina Coeli, 22 de abril de 2018).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

sábado, 20 de abril de 2024

"SENHOR, TU TENS PALAVRAS DE VIDA ETERNA"


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,60-69)(20/4/24)

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1. Caríssimos, a liturgia de hoje nos mostra que, por sermos portadores de Jesus, Palavra eterna do Pai, aonde Ele nos envia para anuncia-lo, sempre acontece algo novo, como vimos na primeira leitura em que mediante as palavras e os prodígios realizados por São Pedro os habitantes de Lida e Jope creram no Senhor Jesus e aderiram à fé que lhes anunciava.
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2. De fato, tudo isso faz parte do Plano de Deus para a salvação da humanidade; as Palavras do Senhor podem até parecer obsuradas, mas isto para aqueles que as escutam racionalmente sem o auxílio da graça do Espírito Santo; bem como nos ensinou São Paulo: "Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar." (1Cor 2,14). 
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3. Decerto, "Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura de sua mensagem. Pois a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens." (1Cor 1,21)
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4. Desse modo, compreendemos perfeitamente a resposta de Pedro a Jesus ao ser perguntado: "Vós também vos quereis ir embora?" Disse ele: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”. (Jo 6,67-69).
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5. Portanto, caríssimos, comungar Jesus é se unir a Ele naturalmente e espiritualmente, para manter com Ele um diálogo constante, porque, Ele vive e reina em meio à nós, nos comunicando a sua santidade por meio da Santa Eucaristia, dos demais Sacramentos e de sua Palavra que confirma as nossas ações em favor das almas a serem salvas.
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6 Comentando o Evangelho de hoje, disse o saudoso Papa Bento XVI: "O mundo considera afortunados os que vivem muito tempo, mas Deus olha mais para a retidão do coração do que para a idade. O mundo dá crédito aos "sábios" e aos "instruídos", enquanto Deus prefere os "pequeninos". 
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7. A lição geral que se tira daqui é que há duas dimensões da realidade: uma é mais profunda, verdadeira e eterna; a outra é marcada pela finitude, impermanência e aparência. Ora, é importante sublinhar que estas duas dimensões não são colocadas numa simples sucessão temporal, como se a verdadeira vida só começasse depois da morte. 
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8. Na realidade, a verdadeira vida, a vida eterna, começa já neste mundo, ainda que na precariedade dos acontecimentos da história; a vida eterna começa na medida em que nos abrimos ao mistério de Deus e o acolhemos no meio de nós. 
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9. Deus é o Senhor da vida e n'Ele "vivemos, nos movemos e existimos" (At 17,28), como disse São Paulo no Areópago de Atenas. Deus é a verdadeira sabedoria que não envelhece, é a autêntica riqueza que não apodrece, é a felicidade que o coração de cada homem deseja profundamente. 
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10. Esta verdade, que atravessa os livros sapienciais e reaparece no Novo Testamento, encontra a sua plena realização na existência e no ensinamento de nosso Senhor Jesus Cristo." (Benedetto XVI - Santa Messa in suffragio di cardinali e vescovi defunti, 3 novembre 2008).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

NÃO JULGUES PELA APARÊNCIA, MAS PELA FÉ


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,52-59)(19/4/24).

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1. Caríssimos, a conversão de Paulo é um sinal permanente que o Senhor nos dá mostrando que por mais que um ser humano peque, sua divina misericórdia é infinitamente superior à toda fraqueza a que esse ser humano se expõe ao cair em pecado. 
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2. A aparição e o diálogo que o Senhor Jesus mantém com Paulo e Ananias os conduzindo aos seus desígnios salvíficos são ações que nos remetem ao viver novo de todos renascidos da água e do Espírito Santo no batismo.
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3. Ora, tendo em vista essa vida nova, São Paulo nos exorta: "Se, portanto, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória." (Cl 3,1-4).
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4. De fato, "as coisas do alto" são as virtudes eternas com as quais glorificamos a Deus e que São Paulo chama fruto do Espírito: "O fruto do Espírito é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança." (Gl 5,22-23a).

5. Ora, e mesmo vivendo em meio às provações deste mundo por causa dos males que nos cercam; essas virtudes nos acompanharão até a nossa partida para o céu, desde que nos deixemos conduzir pelo Espírito Santo, com também nos ensina são Paulo: "Pois todos os que são conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (Rm 8,14).
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6. Amados irmãos e amadas irmãs, baseados no Evangelho de hoje nunca queiramos entender as coisas de Deus segundo a carne, ou seja, racionalmente, porque os critérios para crer são divinos e não humanos. É bem como nos ensina o Senhor: "O espírito é que vivifica, a carne de nada serve. As palavras que vos tenho dito são espírito e vida." (Jo 6,63).
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7. A respeito da Santa Eucaristia meditemos com esta Catequese de São Cirilo de Jerusalém: "Naquele tempo, Cristo disse: «Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós». Mas eles não ouviram estas palavras espiritualmente e foram-se embora escandalizados, julgando que o Senhor os tinha convidado para uma refeição comum.
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8. Já no Antigo Testamento havia os pães da proposição. Mas deixou de ser necessário oferecer o pão da Antiga Aliança. Na Nova Aliança, temos o pão do Céu e o cálice da salvação (cf Sl 115,13), que santificam a alma e o corpo. De fato, tal como o pão se acorda com o corpo, assim o Verbo se harmoniza com a alma.
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9. Portanto, não te detenhas no pão e no vinho como se fossem apenas isso, porque, segundo a afirmação do Mestre, eles são corpo e sangue. Seja qual for a perceção dos sentidos, que a fé seja o teu conforto. Não julgues a realidade pelo seu sabor, mas pela fé.
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10. O que aprendeste te dá esta certeza: o que parece pão não é pão – embora tenha sabor de pão –, mas é o corpo de Cristo; e o que parece vinho não é vinho – embora o gosto o queira afirmar –, mas é o sangue de Cristo." (São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja - 4.ª catequese mistagógica, 1,4-6.9).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

VIVEMOS DENTRO DO MISTÉRIO DE DEUS...


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,44-51)(18/4/24)

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1. Caríssimos, vivemos dentro do Mistério de Deus e dele participamos diretamente; e por mais que experimentemos o Seu amor e a sua misericórdia é muito pouco ou quase nada em relação ao infinito que Deus é e nos dá ser por ama-lo sobre todas as coisas e amar-nos uns aos outros como a nós mesmos. 
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2. Aliás, este deve ser o empenho de toda a nossa vida, como nos ensinou são João: "Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele." (1Jo 4,16). De fato, muito se falado de amor, seja nos livros, nos filmes, novelas, nas conferências, nas canções, etc. Todavia, só quem faz a experiência do amor de Deus pode expressa-lo verdadeiramente como ele é. 
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3. Com efeito, viver o Grande Mistério da Eucaristia como o Senhor nos ensina no Evangelho de hoje, é viver a unidade perfeita do Seu Corpo que é a Igreja (cf. Col 2,18) e assim gozar desde já a vida eterna que Ele nos concede; escutemos, então, o Senhor: "Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo”. (Jo 6,51).
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4. De fato, o mundo só terá paz mediante a conversão e a participação no Grande Mistério da presença Real de Cristo na Eucaristia e pela vivência da Sua Palavra, porque sem a prática da Sua Palavra não existe esperança alguma neste mundo. 
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5. Sem dúvida alguma, toda esta dicotomia que se vive hoje na face da terra tem como fundamento a rejeição a Jesus, o Filho de Deus; porque, rejeitar o Senhor significa aceitar esta divisão e todos os males que o demônio causa por meio dos pecados consentidos e praticados pelos homens.
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6. Decerto, não existe experiência mais triste e devastadora para a alma do que viver mergulhada no pecado sem nenhuma esperança de vida eterna. Aliás, o pecado é em si mesmo como um veneno infernal que destrói todas as capacidades recebidas de Deus para se manter no estado de graça.
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7. Pelo contrário, quando vivemos intensamente o Mistério de Cristo Eucarístico, o fazemos porque Deus nos amou primeiro e nos conduziu à comunhão perfeita com o Seu Filho amado. E o Senhor, por sua divina misericórdia, nos perdoa; nos alimenta com o Seu Corpo e Sangue e nos conduz por Seu Santo Espírito para um viver sem pecados (cf. Jo 8,11). 
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Leão Magno: "A natureza humana foi assumida pelo Filho de Deus tão intimamente que não só nele, "o primogênito de toda a criatura" (Cl 1,15), mas em todos os santos, há apenas um e mesmo Cristo. 
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9. E, tal como a cabeça não se pode separar dos membros, também os membros não podem ser separados da cabeça. Sofre com Ele, não apenas a coragem gloriosa dos mártires, mas também a fé de todos os que renascem do banho da regeneração. 
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10. Com efeito, quando renunciamos ao diabo para crer em Deus, quando passamos da vetustez à renovação, quando depomos a imagem do homem terreno para nos revestirmos da forma celeste, produz-se uma espécie de morte e ressurreição; igualmente, aquele que é acolhido por Cristo e O recebe, após o banho do batismo deixa de ser o que era: o seu corpo regenerado torna-se a carne do Crucificado.
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11. Por isso, a Páscoa do Senhor é celebrada como convém, «com o pão ázimo da pureza e da verdade» (1Cor 5,8), quando, rejeitado o fermento da antiga malícia, a nova criatura se inebria e se alimenta do próprio Senhor. Pois a participação no corpo e no sangue de Cristo não tem outro propósito senão permitir-nos levar a toda parte, no espírito e na carne, Aquele em quem e com quem morremos, fomos sepultados e ressuscitamos."
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(São Leão Magno (?-c. 461), papa, doutor da Igreja - Sermão XII sobre a Paixão; PL 54, 355-357).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

EU SOU O PÃO DA VIDA


 PEQUENO SERMÃO DE CADA (Jo 6,35-40)(17/4/24)

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1. Amados irmãos e amadas irmãs, esta liturgia de hoje nos convida à ver Jesus, tocar em Jesus e comungar Jesus realmente presente na Santa Eucaristia; Seu Corpo e Sangue, Alma e Divindade, depois de consagrado sob as espécies do Pão e Vinho sobre os nossos altares por aqueles que Deus escolheu para cumprirem esta missão. 
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2. De fato, a fé, dom Espírito Santo que recebemos no batismo, nos leva a identificar o Senhor e a conviver com Ele em espírito e verdade como também adorá-lo do mesmo modo. A presença real de Cristo Eucarístico é o maior de todos os milagres, que nós precisamos não somente reconhecer, mas ama-lo, adora-lo e glorifica-lo de todo o coração. 
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3. A primeira leitura dessa liturgia nos mostra a comunidade de Jerusalém sofrendo perseguição por causa da presença de Jesus em seu meio, e como os cristãos dessa comunidade reagiram à perseguição por meio da pregação e dos prodígios realizados por Felipe, demonstrando que realmente o Senhor conduz aqueles que o seguem fielmente. 
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4. De fato, a prática da nossa fé significa convivência com Cristo e com todos os que o seguem à caminho do Reino dos Céus. Para isto Ele nos dá a evidência da sua presença para resistirmos às tentações e perseguições que sofremos.
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5. O Evangelho de hoje nos apresenta o Senhor Jesus no Mistério de sua Onipresença, pois, após Sua Ressurreição o Senhor se faz presente em todo e qualquer lugar junto à cada um de nós, seja por meio da celebração da Santa Eucaristia e dos outros Sacramentos; seja por Sua Palavra proclamada e vivida; seja ainda pelo dom da oração, e em nossas reuniões, como Ele mesmo disse: "Porque, onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mt 18,20).
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6. Portanto, caríssimos, escutemos o Senhor Jesus e o sigamos em seus conselhos e em suas promessas: "Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 
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7. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,38-40).
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8. Comentando este Evangelho disse o Papa Francisco: "Jesus se revela como o pão, ou seja, o essencial, o necessário para a vida cotidiana; sem Ele as coisas não funcionam. Não um pão entre muitos outros, mas o pão da vida. Em outras palavras, sem Ele, em vez de viver, apenas sobrevivemos: porque somente Ele alimenta nossas almas, somente Ele nos perdoa daquele mal que não podemos vencer por nós mesmos. 
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9. Somente Ele nos faz sentir amados mesmo que todos nos decepcionem; somente Ele nos dá a força para amar, somente Ele nos dá a força para perdoar nas dificuldades, somente Ele dá ao nosso coração a paz que procuramos; somente Ele nos dá a vida para sempre quando a vida aqui embaixo chega ao fim. Ele é o pão essencial da vida.
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10. "Eu sou o pão da vida" resume verdadeiramente todo o seu ser e toda a sua missão. Isso será visto plenamente no final, na Última Ceia. Jesus sabe que o Pai lhe pede não apenas que alimente as pessoas, mas que dê a si mesmo, sua própria vida, sua própria carne, seu próprio coração, para que tenhamos a vida eterna. (Papa Francisco - Angelus, 8 de agosto de 2021).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv.

terça-feira, 16 de abril de 2024

A VIDA VIVIDA EM CRISTO É ANÚNCIO PROFÉTICO


 PEQUENO SERMÃO DE CADA DIA (Jo 6,30-35)(16/4/24) 


1. Caríssimos, quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo, realiza a vontade de Deus, e por seu exemplo de vida e por suas palavras, denuncia os pecados daqueles que estão distantes de Deus sem que isto seja uma acusação, mas sim, uma revelação da necessidade de arrependimento, por isso, ela vem sempre acompanhada de um ato de misericórdia e do perdão que o Senhor nos concede. 
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2. De fato, Santo Estevão, mesmo sendo condenado à morte, intercedeu por seus algozes dizendo: “Senhor, não os condenes por este pecado”. Ora, talvez não copreendamos o porquê dos acontecimentos adversos que nos atingem; no entanto, como vimos neste episódio, Santo Estevão resignadamente disse: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. 
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3. Com isto, compreendemos que toda oração acompanhada de um ato de misericórdia e de perdão jamais deixa de ser ouvida e atendida pelo Senhor, e a prova é esta, a oração de Santo Estevão foi a graça que deu início à conversão de São Paulo, o grande apóstolo dos gentios que até hoje continua pregando a Palavra do Senhor por seus escritos e exemplos. 
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4. Decerto, bem-aventurados são aqueles que como Santo Estevão e São Paulo, permanecem em comunhão com o Senhor em qualquer situação da vida, pois, por esta união com Cristo são capazes de ver o céu aberto e Ele sentado à direita de Deus Pai.
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5. No Evangelho de hoje a multidão exigia sinais para crê; ora, a fé é um dom do Espírito Santo e não um ente de razão. Quem exige sinais para crê é incapaz de entender e corresponder ao que Deus nos ensina, porque querem reduzir a Sabedoria do Espírito do Senhor aos critérios racionais, e isso é impossível. 
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6. Crer no Senhor Jesus é adentrar no mistério da sua cruz, pela graça do Espírito Santo, e viver a grande aventura de ser seu discípulo, e manter-se na sua presença e convivência por meio da fé que Dele recebemos para obtermos todas as graças necessárias para a nossa salvação. 
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7. A vocação cristã é um chamado de Deus e uma resposta que significa pertença, adesão total a Cristo por meio do santo batismo, onde recebemos o dom do Espírito Santo e por Ele somos ensinados e conduzidos a uma vida de santidade. 
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8. Bem como nos ensinou o Senhor: "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão”. (Jo 16,13).
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9. De fato, pensar a vida sem o Espírito de Deus é pensa-la conforme o mundo e não conforme Deus. Ora, o Senhor Jesus prometeu (cf. Jo 15,26) que enviaria o Espírito Santo para nos ensinar, nos defender e nos dar todo apoio e assistência necessária para permanecermos fiéis até que se complete o tempo de sua segunda vinda e a nossa ida definitiva para a glória do seu Reino, onde não há morte nem choro nem luto nem dor (cf. Jo 14,1-4).
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10. O Espírito Santo de Deus é o perfeito coordenador de nossas ações enquanto de nossa estadia neste mundo, basta que escutemos as suas moções e nos deixemos conduzir por Ele, como o fizeram os patriarcas, os profetas, Maria Santíssima, são José, os apóstolos e todos os santos e santas. 
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11. Sem dúvida alguma, creio que todos nós desejamos ver o desfecho final da obra da criação, isto é, a vinda da plenitude do Reino de Deus e da sua justiça, pois do jeito que a humanidade está vivendo atualmente, a paz entre os povos é impossível, no entanto, como nos ensina São Pedro: "Nós, porém, segundo sua promessa, esperamos novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça." (2Pd 3,13).
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Paz e Bem!
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Frei Fernando Maria OFMConv. 

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